segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pesquisadores chegam a Faro, último município do Pará no roteiro da expedição

O barco Natureza saiu de Óbidos (PA) na tarde de terça-feira, dia 13, e seguiu subindo o rio Amazonas até entrar pelo rio Nhamundá, à margem do qual se encontra a sede do município de Faro (PA). A viagem durou 12 horas, e a embarcação passou a noite ancorada em frente à prefeitura municipal. Faro é a última parada da expedição no estado do Pará; os sete municípios restantes fazem parte do Amazonas.

O secretário Valdinei Gomes Costa em entrevista à
pesquisadora Ana Paula Antunes. Foto: Fábio Tito
Na manhã de quarta-feira (14), os pesquisadores se reuniram com o secretário municipal de Educação, Valdinei Gomes Costa, e com o prefeito de Faro, Denilson Batalha Guimarães. Após a apresentação do projeto e a programação das rotas escolares a serem acompanhadas nos dias seguintes, os pesquisadores conheceram por acaso o barqueiro da comunidade de Português, que fica a algumas horas de barco da sede do município, na região chamada de Alto Nhamundá.
Alonso Guerreiro, de 46 anos, havia se deslocado até a sede para sacar seu salário - que por sinal não havia sido depositado. Ele informou que uma professora da escola de Português também estava em Faro, e por isso não haveria aula lá no dia seguinte. Isso provocou mudança na programação das rotas a serem acompanhadas, mas também permitiu que Alonso contasse ao repórter do blog TER Pesquisa um pouco de sua história.

Pouco dinheiro e família grande
O atraso no salário, segundo o barqueiro Alonso Guerreiro, não é a única dificuldade que ele enfrenta. “A prefeitura também fornece a gasolina para o transporte escolar, mas não em quantidade suficiente. Eles dão 20 litros, e isso só dá para metade do mês”, afirma. Ele explica que tira do próprio bolso o dinheiro para comprar os outros 20 litros de combustível gastos em 30 dias. O litro da gasolina é vendido a R$ 4 em Português, o que significa um gasto de R$ 80 para Alonso.
O barqueiro é casado com Maria do Carmo da Silva Forte, de 47 anos, e eles vivem com sete de seus 11 filhos. O salário do pai da família é de R$ 510, e é complementado por R$ 167 do programa Bolsa Família, recebido pela mãe. Eles também costumam vender farinha de mandioca. “O salário é muito pouco para uma família tão grande. E agora está ainda mais difícil, porque não tem dado mandioca como antigamente”, conta Maria do Carmo.
Alonso (esq.) e Maria do Carmo (centro), com cinco dos sete filhos
que moram com o casal. A família foi até a sede de Faro para
buscar o salário do pai, que não saiu. Foto: Fábio Tito
A mulher conta também do filho Jeremias, que parou de estudar. “Ele tinha que remar uma hora e meia para assistir as aulas, porque não tinha transporte até a escola em que ele estava matriculado. Quando chegava, já não tinha nem ânimo para prestar atenção na aula. E depois ainda tinha o caminho de volta”, relata a mãe.
Outro de seus filhos, Salomão, foi mandado para morar com a tia na comunidade de Terra Santa para cursar o Ensino Médio (em Português, o ensino é até a 8ª série). “Lá as escolas são melhores. Eu sempre falo para ele caprichar nos estudos, para que tenha um futuro melhor”, conta. A Bíblia diz que Salomão foi um dos homens mais sábios da história. Se depender do nome, o filho de Alonso e Maria tem tudo para alcançar um futuro brilhante.
Por Fábio Tito, de Faro

Um comentário:

  1. Gostei, de contribuir com a pesquisa o transporte escolar realmente melhora o desenvolvimento dos alunos

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