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Alunos da escola Ruy Barata, em Mamauru, sentados na escada do colégio. Foto: Diego Baravelli |
Após passar boa parte do dia no convívio das comunidades, os pesquisadores perceberam uma atitude diferente nas crianças. "Andando com um agente de saúde local, crianças bem pequenas vieram pedir a benção ao homem. Em seguida elas me cercaram fazendo o mesmo, estendendo as mãozinhas para mim", conta a pesquisadora Amanda Odelius. Desconsertada, ela não soube inicialmente como reagir ao costume local, mas logo pegou o jeito.
Na terça-feira, dia 13, quatro dos cinco pesquisadores precisaram madrugar para acompanhar rotas matutinas na comunidade de Silêncio e novamente em Mamauru. Como Castanhanduba, Silêncio também é um quilombola. Enquanto isso, a pesquisadora Ana Paula Antunes e o representante do blog TER Pesquisa foram conhecer Neilson Farias Ferreira, único aluno cadeirante do município.
Obstáculos para estudar
Aos 17 anos, Neilson acabou de cursar a 4ª série. Como sua casa fica na várzea do município, onde o calendário é adaptado à cheia do rio, ele começará a 5ª série ainda este ano, mas no segundo semestre. "Só comecei a estudar aos 12 anos, o que está fora do padrão estabelecido pelo MEC. O certo seria ter começado aos 6", afirma. Segundo o adolescente, o governo municipal atual deu mais condições para que ele conseguisse acompanhar os estudos.
Durante o período de aulas, o pai e o barqueiro precisam ajudá-lo a entrar e sair do barco, já que não há uma entrada adaptada. "E na escola os colegas também sempre me ajudaram bastante", lembra o aluno. A equipe da pesquisa levou o garoto para conhecer e dar um passeio na lancha usada como protótipo nas comunidades. "Como o barco, ela também não possui adaptação para cadeirantes, e isso deve ser levado em conta pela pesquisa", diz Marcelo Bousada, líder dos pesquisadores.
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Na casa da avó, Neilson não faz questão de usar a cadeira-de-rodas. O pai o ajuda no caminho até a beira do rio. Foto: Fábio Tito |
Por Fábio Tito, de Óbidos
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