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Fordlândia, cidade construída por americanos na primeira metade do século XX. Durante a II Guerra Mundial, muitos seringueiros vendiam borracha à fábrica da Ford. Foto: Fábio Tito |
Sobre a escola, ele conta da mudança que houve do ano passado para este. "Agora as aulas vão ser em módulos, uma disciplina por vez. Os professores dão aula da mesma matéria por algumas semanas, aplicam todas as provas e seguem para outras comunidades", explica. O problema é que, pelo menos nesta primeira semana, Breno está tendo que esperar na escola antes de ter aula. "Hoje ficamos esperando até as 16h, porque os professores estavam dando aula para as outras séries", diz, já no caminho de volta para casa.
Vaquinha para ver futebol
Não é difícil descobrir o time da paixão de Breno, já que seu caderno é coberto de adesivos com o escudo da equipe. "Sou corintiano fanático, o difícil é que lá onde moro a maioria é flamenguista", afirma em tom de brincadeira. O jovem conta que há 4 meses a prefeitura parou de mandar óleo diesel para o motor gerador de energia da comunidade. Quando tem jogo da Libertadores, juntamos dinheiro para comprar óleo e assistir. Mas tenho que ver o jogo do Flamengo mesmo, que quase sempre é o que transmitem. Fico sabendo do Corinthians só no intervalo", diz, insatisfeito.
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Breno fez questão de se vestir o uniforme para a foto. Ao fundo, o rio por onde ele vai à escola. Foto: Fábio Tito |
Vida de trabalho
Nascido em Cajazeiras, interior da Paraíba, José Avelino da Silva está com 86 anos e é o bisavô do corintiano Breno. O senhor mora em Campo Alegre desde os cinco anos de idade, quando seu pai se mudou com a família para a Amazônia. "Naquela época, quando o povo queria viajar pra Amazônia, ia primeiro consultar o Padre Cícero. Papai foi lá e teve a benção", conta.
A família veio atrás das promessas da borracha, que pagava muito bem aos seringueiros. Mas José lembra que sua experiência profissional começou ainda antes, na Paraíba. "O primeiro serviço que fiz foi aos cinco anos, colhendo algodão com meu pai. É o serviço mais fácil que tem na agricultura, porque não tem o trabalho de preparar o produto depois que colhe", afirma.
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Seu José mora na Amazônia há 81 anos. Ele perdeu um dedo do pé devido a uma picada de cobra. Foto: Fábio Tito |
Por Fábio Tito, de Aveiro
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