Em Nova Sião, a rota escolar acompanhada passa por trechos estreitos, que o barqueiro faz em uma canoa com um motor de rabeta. Apesar das dificuldades devidas ao maior tamanho e ao motor de popa, a lancha escolar proposta pelo MEC conseguiu cumprir o trajeto de entrega dos alunos sem maiores problemas. Veja abaixo os trechos do percurso do barco local e da lancha passando por uma parte desta rota.
Santa Maria do Taboca fica dentro de uma reserva indígena à beira do rio Urubu, e é habitada por descendentes das tribos Mura (predominante) e Sateré. Azamor da Cruz Rosa Filho, de 33 anos, é o líder comunitário local há dez anos e explicou um pouco sobre a reserva indígena. "São 10 comunidades indígenas na região. A escola de Santa Maria do Taboca possui 70 alunos, tanto da própria comunidade quanto de Nova Jerusalém do Maquira, do outro lado do rio", afirma. Dos 70 estudantes, 45 usam o transporte escolar de barco para ir estudar.
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Rota em Santa Maria do Taboca: à esquerda, a filha da barqueira ajuda nas manobras de chegada e saída com um remo. De longe, o pequeno barco já cheio parece sumir na água. Fotos: Fábio Tito |
A mãe de Azamor é Maria das Dores Rosa, de 74 anos. Sua simples casa de madeira possui apenas um cômodo - de um lado o fogão, do outro uma mesa e três cadeiras. Se falta lugar para sentar, o bujão de gás faz o serviço. As redes ficam esticadas no teto para não atrapalhar o trânsito das pessoas, e visita ali é o que não falta. "Além dos filhos e netos, os vizinhos também sempre passam para bater papo", conta a senhora.
As muitas amizades se devem não só à simpatia da mulher, mas também a um certo serviço que ela presta a quem precisa, como avisou o filho. "Ela é muito boa em fazer remédios caseiros. E funcionam mesmo!", afirma Azamor. Dona Maria confirma: "Sempre funcionou - desde a primeira vez que fiz, aos 17 anos. É como um dom de Deus, sabe?"
Mas se as curandeiras índias de antigamente acreditavam nos espíritos da natureza, Maria das Dores tem crenças diferentes. Ela é evangélica, e volta-e-meia cita trechos ou histórias da Bíblia. "Me converti aos 37 anos, mas acredito que mesmo antes disso era Deus quem me mostrava os remédios para as doenças", diz.
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Dona Maria das Dores, especialista em remédios caseiros. Segundo ela, a inspiração vem de Deus. Foto: Fábio Tito |
Tirando uma ou duas receitas que aprendeu da boca do povo, a mulher afirma que é sempre Deus quem mostra a planta e a maneira de prepará-la. Em uma breve conversa, ela conta de gente febril sendo curada com folhas de mangueira, tuberculosos tratados com agrião, e por aí vai. "Deus usa os filhos dele de diversas maneiras. Se ele me deu um dom, eu vou usá-lo para falar de Jesus às pessoas através disso", afirma a senhora.
Por Fábio Tito, de Itacoatiara
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