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O barco Natureza, atracado à margem da comunidade de Tavio. Foto: Fábio Tito |
Os pesquisadores Marcelo Bousada, Ana Paula Martins e Diego Baravelli acompanharam a curta rota matutina que leva alunos do Lago do Tavio até Tavio. O trajeto, que de barco demora 1 hora e 20 minutos, levou apenas 20 minutos com a lancha usada de protótipo na pesquisa.
Em Açaituba, que fica à beira do rio Cupari, os pesquisadores André di Monaco e Amanda Obélius acompanharam a longa rota do barqueiro que sai às 10h da manhã para apanhar 17 alunos do turno vespertino, habitantes de comunidades que ficam ao longo do mesmo rio. O barco chega de volta a Açaituba pouco antes da aula começar, às 12h40.
Brincadeiras
A comunidade tem muitas crianças, que a princípio apenas observam de longe, tímidas. Mas após qualquer sinal de amizade elas já cercam os visitantes, mostrando as brincadeiras e posando para fotos. Cada clique era seguido de um coro de "Cadê? Cadê?", dos meninos querendo se ver no visor da câmera. Para brincar de pular corda e futebol, eles vão até a escola pedir corda e bola emprestados. No pique-bandeirinha, eles escolhem dois galhos do mato e os colocam em pontos distantes da área aberta entre o rio e a vila. Alguns meninos menores abrem mão dos jogos e preferem brincar na lama, formada pela chuva de mais cedo.
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Crianças de Açaituba se divertem com jogos e brincadeiras. Foto: Fábio Tito |
Ainda pela manhã, o pesquisador Diego Baravelli chamou a atenção para algo que ouviu na escola de Tavio. "Nos contaram que algumas meninas têm deixado de estudar bem cedo, aos 12 ou 13 anos, porque decidem se casar", relata. Foi mais ou menos o que aconteceu 17 anos atrás com Maria Katicilene Matias Pereira, moradora de Godinho, comunidade à beira do rio Cupari. "Quando engravidei e tive meu primeiro filho, ficou muito difícil de ir à escola e acabei largando os estudos", lembra.
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Katicilene e os três filhos que ainda moram com ela. A pequena venda fica na sala de entrada da casa. Foto: Fábio Tito |
O motivo para voltar a estudar é simples. "Pelo conhecimento, que é muito importante", resume. Além de trabalhar como merendeira, Katicilene tem uma pequena venda em casa, a qual abastece com alimentos o vilarejo onde a família mora. "No futuro a gente pensa em mudar, talvez no ano que vem. Gostaria de abrir uma loja em Santarém. Não quero ser empregada, quero ser empregadora", planeja.
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Pais e alunos de Tavio, no município de Aveiro, se reuniram para saber sobre a pesquisa de Transporte Escolar Rural. Foto: Fábio Tito |
Ao fim do dia, a equipe apresentou o DVD da pesquisa sobre ônibus rural para a comunidade de Tavio. Os ribeirinhos se reuniram em uma sala da escola, onde a apresentação foi projetada. Marcos Fleming, responsável por todas as frentes da pesquisa sobre transporte escolar, mostrou o balanço como modelo do que se pretende fazer com os dados adquiridos no acompanhamento de rotas escolares hidroviárias. O coordenador geral de apoio à manutenção escolar do FNDE, José Maria Rodrigues, também acompanhou a apresentação.
Por Fábio Tito, de Aveiro
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