quinta-feira, 20 de maio de 2010

Pesquisa acompanha rotas em Coari e segue para Tefé, último município visitado no Amazonas

Após sair de Codajás, o barco Natureza continuou a expedição subindo o rio Solimões e chegou ao minicípio de Coari ainda na noite de terça-feira, dia 12 de maio. No dia seguinte, em reunião com gestores na Secretaria Municipal de Educação, a equipe foi informada que a zona rural do município possui 152 escolas, cujo transporte escolar é feito por 212 canoas, 71 barcos e 358 condutores. Localmente, as canoas são chamadas de "catraias", e os condutores, inclusive os de barcos, são os "catraieiros".
Coari: algumas ruas terminam na beira do rio, de onde é possível ver os inúmeros flutuates boiando à margem da cidade. Fotos: Fábio Tito
"Estamos justamente no período de pagamento dos catraieiros e de fornecimento de combustível para o serviço. Por isso, muitas escolas na zona rural estão sem aula", explica Selionete Guimarães, secretária municipal de Educação. Como em outros locais visitados pela pesquisa, os condutores precisam ir uma vez por mês à sede do município para receber o salário - período no qual muitas escolas ficam fechadas.
Na quinta-feira (13) à tarde, os pesquisadores Marcelo Bousada e André di Monaco foram visitar algumas comunidades próximas a Coari em busca de barqueiros. Eles queriam saber se ali, devido à proximidade com a sede, já estaria havendo aula. Acabaram ficando por lá mesmo, na comunidade de Nossa Senhora de Fátima. "No meio da tarde começou uma rota escolar para o período noturno, e aproveitamos para acompanhá-la para a pesquisa", explica Marcelo. Durante a noite ocorreu também a festa pelo Dia de Nossa Senhora de Fátima, padroeira da comunidade.
No mesmo dia, a equipe ficou sabendo do acidente de avião que causou a morte da secretária de Educação do Amazonas, Cinthia Régia do Livramento, além de outros quatro membros da secretaria estadual. Foi decretado luto de três dias no Amazonas. Mesmo assim, ainda foi possível acompanhar outra rota escolar até a escola em Nossa Senhora de Fátima durante a manhã de sexta-feira (14).
Com isso foi possível verificar diferenças entre o transporte escolar pago pelo estado e peno município. Para o Ensino Médio (à noite), o transporte é fornecido pelo governo do estado, enquanto o município oferece o transporte para os níveis Básico e Fundamental (durante o dia). Após a segunda rota, a equipe de pesquisa decidiu então seguir já no sábado rumo a Tefé, que fica em torno de 18 horas distante, de barco, subindo o rio Solimões. Após o trabalho em Tefé, a ideia é retornar a Coari e completar o acompanhamento do município cumprindo novas rotas.
A escola Raimundo Moreira da Silva, na comunidade de Nossa Senhora de Fátima, visitada na manhã de sexta-feira (14). À direita, uma aluna é levada para casa na lancha escolar do MEC. Fotos: Diego Baravelli
O barco Natureza chegou a Tefé na manhã de domingo, dia 16. Durante a noite, a equipe se reuniu para a despedida do coordenador da pesquisa, Marcos Fleming. Ele deixou o barco na segunda-feira para acompanhar por duas semanas a frente de pesquisa da bicicleta escolar no interior do Maranhão e de São Paulo, e depois recompor a equipe do barco já em Porto Velho (RO).
Tefé é o último município no Amazonas a ser visitado pela frente de pesquisa do barco escolar, que parte depois em direção a Manaus - fazendo parada em Coari, como já apontado. De Manaus, a pesquisa segue para Porto Velho, em Rondônia, para acompanhar as últimas rotas aquaviárias do projeto. Além do encerramento da frente de pesquisa, ocorrerá também a doação das lanchas usadas no trabalho para o transporte escolar no município de Porto Velho.
Por Fábio Tito, de Tefé
Edição: Elza Pires de Campos

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